Contexto regulatório
A concepção cuja formulação das misturas/materiais de borracha faz parte, torna-se cada vez mais complexa pela pressão regulamentar crescente na Europa e no mundo inteiro. A noção de formulação será detalhada na continuação do MOOC.
Eis alguns exemplos de regulamentações:
- O Regulamento REACH (Registro, Avaliação, Autorização para substancias QUímicas) relativo ao registro, avaliação e autorização das substâncias químicas,
- O Regulamento contato alimentício,
- A Diretiva contato água potável,
- A Diretiva RoHS para a restrição das substâncias nos equipamento elétricos e eletrônicos,
- A Diretiva Seveso,
- O Regulamento CLP (Classification, Labelling and Packaging) relativo à classificação, rotulagem e embalagem das substâncias e misturas...
Estes textos regulatórios geram uma obsolescência de materiais e exigem a implementação de vigilâncias proativas.
Em junho de 1999 a Organização Mundial da Saúde (OMS) declarou durante a Conferência ministerial Saúde e Meio-ambiente: "O Meio-ambiente é o fator chave de uma melhor saúde". REACH é um regulamento europeu que foi implantado em 2007 (REACH foi copiado em muitos países inclusive na Ásia) a fim de garantir um nível de proteção elevado da saúde humana e do meio-ambiente contra os riscos de exposição, assimilação e emissões de produtos químicos usados. Uma reversão do ônus da prova foi feita e doravante são as industrias que têm que gerir os riscos causados pelos produtos químicos. Assim, 8 anos após a implementação de REACH :
- 64 Substâncias repartidas em 105 entradas são restringidas para uso (por exemplo, os Óleos Aromáticos Policíclicos nos itens borracha em contato direto e/ou prorrogados com o consumidor final)
- 163 substâncias são candidatas à autorização, ou seja, foram designadas durante um longo processo de priorização como Substâncias Muito Preocupantes cujo uso deve ser enquadrado e cuja substituição deve ser favorecida (chamados substâncias SVHC em inglês)
- 31 substâncias necessitam uma autorização (por exemplo, o DEHP, um ftalato)
- 267 substâncias estão em um plano contínuo de ação da comunidade europeia (CoRAP) podendo resultar em uma nova classificação, restrição ou autorização
- 307 substâncias estão em um plano de análise da melhor opção de gestão dos riscos (RMOA) para estudar se a via de autorização é a mais pertinente.
Nesta evolução regulamentar constante (atualização das listas cada 6 meses, no mínimo), as formulações devem ser revistas e antecipadas de maneira permanente. Até hoje, a indústria da borracha teve que implementar um sistema de vigilância adequado a estes produtos/materiais. Mais de uma centena de substâncias estão sob vigilância enquanto outras foram substituídas. Sem dúvidas, isso exige um trabalho minucioso mais assim demonstramos como nossa indústria se preocupa com seu impacto sobre a saúde dos seus trabalhadores, como também do seu impacto sobre o meio-ambiente ao durante todo o ciclo de vida dos nossos produtos: desde a substância até a valorização dos nossos resíduos.
No entanto, REACH não é o único regulamento que os industriais têm de encarar. Os materiais de borrachas em contato com os alimentos devem se conformar ao regulamento 1935/2004, ao regulamento 2023/2006 assim como diferentes portarias ministeriais implantadas em cada país dos estados membros. O conhecimento de todas essas listas de substâncias assim como as condições de testes para cada caso é um pré-requisito para quem deseja comercializar matérias suscetíveis de entrar em contato com nossos alimentos de modo a preservar a saúde dos consumidores e usuários.
Para mais esclarecimentos, segue os links SNCP :
http://www.lecaoutchouc.com/environnement/substances-chimiques
http://www.lecaoutchouc.com/environnement/alimentarite-eau-potable
Os conectores para valorização das borrachas
Desde a criação da vulcanização em 1839 por Charles Goodyear, os científicos pesquisaram técnicas para valorizar as matérias contidas nos resíduos de borracha. Esses resíduos podem ser gerados durante o ciclo de produção (resíduos técnicos como « moldagem por injeção » ou « moldagem de tapete » ou produtos defeituosos…) ou corresponder a produtos em fim de vida como os pneus usados. Posteriormente falaremos da vulcanização no MOOC.
A necessidade de valorizar os resíduos de borracha foi particularmente marcada durante os períodos de matérias primas virgens (a segunda guerra mundial) e os períodos de tensão nos preços.
Há mais de 15 anos, as pressões societais são cada vez mais fortes para evitar o desperdiço dos resíduos. Alguns resíduos valem ouro ! Dado a rarefação dos recursos, é importante adotar, desde já, boas práticas nessa matéria.
UM DESAFIO TÉCNICO
Para algumas matérias, especialmente as matérias metálicas, a reciclagem é fácil e amplamente praticada. Por exemplo, o ouro derrete e derrete novamente para o infinito.
A reciclagem das matérias polímeros, e em especial a reciclagem das borrachas vulcanizadas é mais complexa de fato, nomeadamente, da irreversibilidade do processo de vulcanização.
Algumas técnicas, como detalhadas abaixo, no entanto existem e permitem obter por via mecânica ou química das MPS (Matérias Primas Secundárias) que serão usadas unicamente ou com mais frequência de acoplamentos com matérias primas virgens.
O QUADRO NORMATIVO
A regulamentação europeia e francesa define claramente a hierarquia dos modos de tratamento dos resíduos :
- A montante, prorrogar a duração da vida dos produtos favorecendo, por manutenção / reparação, a reutilização (Recauchutagem da pneumática, por exemplo)
- Para os resíduos, desenvolver a hierarquia dos modos de valorização seguintes:
- Reutilização (pneus de ocasião, por exemplo)
- Reciclagem (granulação…)
- Valorização energética
O SETOR DAS PNEUMÁTICAS USADAS
Na França e na maioria dos países europeus, a recolha e a valorização das pneumáticas usadas estão sujeitas a uma REP (Responsabilidade Alargada do Produtor).
Os textos estipulam o suporte pelos comerciantes (manufatureiros de pneumáticas, importadores...) da recolha e do tratamento dos resíduos no limite da tonelagem que eles comercializaram no ano passado.
Há mais de 10 anos, os detentores de pneumáticas usadas (mecânicos, por exemplo) devem obrigatoriamente entregar as pneumáticas desmontadas para os coletores reconhecidos por um eco organismo (Aliapur, FRP,…). Após triagem, essas pneumáticas serão reutilizadas para o mercado de usadão ou transferidas para plataformas de valorização « matéria », ou inclusive « energética ».
A RECAUCHUTAGEM E A ECONOMIA CIRCULAR
A recauchutagem consiste em substituir a banda de rodagem usada de uma pneumática após ter verificado a qualidade da carcaça.
Essa tecnologia tem como objetivo primeiro a exploração da totalidade do potencial da carcaça. Uma carcaça sadia pode conhecer uma segunda, ou até uma terceira vida ! Assim a vida da pneumática de veículos pesados é multiplicada por 2,5 em média, em relação a uma pneumática não recauchutada, e pode percorrer frequentemente 600 000 km em um eixo motor, ou inclusive 1 milhão de km em alguns casos!
O aumento da duração de vida do produto decorrente contribui a diminuir o preço do custo quilométrico, um critério sob alta vigilância no mundo do transporte rodoviário!
Essa escolha se inscreve numa lógica de economia circular, presente, por outro lado, duas maiores vantagens no plano ecológico:
Por um lado, ele reduz de forma substancial o consumo de matérias primas e energia em comparação à solução que consiste em fabricar inteiramente uma nova pneumática.
Por outro lado, essa fase de manutenção / reparação que constitui a recauchutagem favorece o alongamento da duração de vida do produto e, por conseguinte atrasa a aparição do resíduo.
Na França, apenas para as pneumáticas de veículos pesados, isso corresponde a uma diminuição superior a 40 000 toneladas das pneumáticas em fim de vida a tratarem.
VALORIZAÇÃO MATÉRIA
Constata-se, até hoje, três principais processos de valorização matéria :
- Moagem / Granulação/ Micronização
- Regeneração
- Pirólise
- Moagem / Granulação / Micronização
Os resíduos de borracha estão submetidos a diferentes operações mecânicas (trituração, moagem...) com o intuito de reduzir seu tamanho e separar a borracha de eventuais insertos (notadamente têxtil e metal). Em função da granulometria obtida, se tratará de aparas, granulados, farelos ou micronizas, as partículas mais finas.
As aparas e os farelos são frequentemente usados com um ligante (resina de poliuretano, por exemplo) para a fabricação de parquinhos, talas de junção para bonde, pistas de atletismo, gramado sintético, lajes do chão...
Também eles podem ser incorporados no betume a fim de obter asfaltos rodoviários de baixas emissões sonoras ou inclusive numa matriz termoplástica para fabricar peças moldadas.
A micronização é uma técnica de tratamento dos resíduos de produção usada para as próprias necessidades da empresa. A formulação dos resíduos é conhecida e permite reintroduzir os produtos decorrentes da micronização nas mesmas formulações.
Caso introduzir 20% de produto derivado da micronização, o vencimento das propriedades mecânicas será de 5%. Essa degradação é aceitável para algumas aplicações, e não em relação a outras (ex: bandas de rolagem dos pneus).
http://www.aliapur.fr/fr/les-applications/voies-de-valorisation/la-valorisation-matiere
- Regeneração
A regeneração química (reclaim rubber) foi realizada durante muitos anos com um tratamento dos resíduos de borracha num ambiente solvente. Ela foi abandonada (exceto na Índia) há alguns anos por razões econômicas (baixo custo das matérias primas). Hoje em dia esse processo não seria mais autorizado dado a toxicidade dos produtos utilizados.
A regeneração termomecânica constitui uma técnica similar. Ela se baseia num parafuso duplo que permite obter uma banda contínua de borracha que pode ser diretamente reintroduzido no produto.
- Pirólise
A pirólise se define como a decomposição de um produto carbonoso exposto ao calor e com ausência de oxigênio. Dessa maneira, obtêm-se a partir de resíduos de borracha, e particularmente pneumáticas usadas, substâncias pretas, óleo e gás.
- Substâncias negras: as substâncias negras atualmente obtidas por pirólise são relativamente próximas do negro de fumo.
- Óleo: Se o processo for bem dominado, se obterá um corte de hidrocarburo cuja composição é próxima da composição do querosene (C8-C10-C12)
- Gás: Obtém-se « o singás » CO+H2.
VALORIZAÇÃO ENERGÉTICA
A valorização energética é o uso de resíduos de borracha (resíduos de produção ou produtos usados) triturados ou não (pneu inteiro, por exemplo) como combustível de substituição para a produção de energia. Essa energia permite fornecer calor e/ou eletricidade. Portanto o poder calorífico da borracha está procurado quando esse mesmo está queimado.
Por exemplo, em uma superfície de aproximadamente 300 000 toneladas de pneus usados recolhidos pela fileira Aliapur, 29% são destinadas à valorização energética.
Aplicações envolvidas pela valorização energética:
- Aquecimento urbano
- Cimenteiras
QUIZ - Novas Tecnologias